[com participação de Iggor Cavalera, Laima Leyton e Elisa Gargiulo]
A marcha Cras do Micélio foi realizada em 2013 em São Paulo, no bairro de Pinheiros.
Para a obra, o público foi convidado por chamada aberta a comparecer com o traje especificado, além de receber broches e mascaras com a finalidade de compor uma unica identidade entre os participantes da ação.
Além dos mascarados, a marcha contava com estandartes, bonecosgigantes e diversas alegorias representativas de elementos ligados ao xamanismo, e compostos psicoativos.
A obra parte de uma estrutura inspiradas nas paradas militares e procissões religiosas, porém com mensagem e conteudo antagônico aos ideais das mesmas. Stephan trabalha como um hacker que se apropria de uma estrutura convencional para subverte-la e promover o questionamento.
Plantas, fungos, extratos vegetais e animais, com propriedades psicoativas estão profundamente arraigados às praticas espirituais, medicinais e ritos de passagem de povos nativos que foram dizimados, tiveram sua cultura marginalizada, e suas terras desapropriadas, dando lugar à lei, cultura e tradiçao do conquistador, cuja relação com a natureza é de controle e não pertencimento.
Mais de quarto séculos depois do inicio da colonização das Américas, esse processo de marginalização se perpetua. Em 1961 a ONU sancionou a Convenção Única sobre Entorpecentes ( emendada em 1972 ), que insere no mesmo contexto plantas ancestrais usadas nas práticas citadas acima, com substâncias como o crack, a cocaína e a heroína, piorando drasticamente a questão da marginalização da cultura dos povos nativos e privando inclusive a sociedade científica de realizar pesquisas e experimentos com as substâncias citadas acima.